sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Carta extraviada, voto de silêncio, mudança de estação.


“Palavras flutuam como uma chuva sem fim dentro de um copo de papel’’ (Across the Universe)


Madrugadas em claro. Tardes livres. Crônicas inacabadas. Vinho doce. Jogatina. Cigarros de palha (memória). Chico. Mapa astral. Café com gotinhas de chocolate. Folclóre. Pirata. TV falando sozinha. Alguma coisa sobre o Senado. Tudo sobre Nelson Rodrigues. Ruídos da agulha arranhando o final do disco. Fotos e ficção. Gestos espalhafatosos. Chillaneja dependurando-se na penumbra.

Hoje o fim de tarde tem gosto de narrativa descontinuada e timbre de silêncio desvairado: atiro pedras num riacho imaginário, balanço as perninhas, abrevio e acelero os ponteiros do tempo como criança caprichosa: sem pensar demais. O sopro canhoto do vento nos leques improvisados de papel ameniza a febre que vem de fora. E queima, queima, queima como as labaredas da vida. Que não foi.


Quarta Feira Ingrata
(Luiz Bandeira)

É de fazer chorar
Quando o dia amanhece
E obriga
O frevo acabar
Oh Quarta Feira ingrata
Chega tão depressa
Só pra contrariar
Quem é de fato
Um bom pernambucano
Espera um ano
E se mete na brincadeira
Esquece tudo
Quando cai no frevo
E no melhor da festa
Chega a Quarta Feira...

Um comentário: