Para André Rocha
Acendo outro cigarro, lábios adocicados, olho para a luva descosturada junto à janela, investigo contornos de ausências amontoadas na paisagem de papel e te imagino caminhando sobre pedras gastas e tateando o fogo. Não anoiteça nunca. Apanho o cinzeiro, coloco um disco de música hindu e visto rendas brancas, água limpa, desejo raso. Apoio o rosto sobre uma das mãos, permito que a cidade atravesse o quarto, miséria arremessada contra parede, mormaço. Dedo indicador bate as cinzas, recolho uns trocados, preciso encontrar meu pai, gestos empoeirados, fuligens esquecidas sobre ataduras, gemido do sax. A menina branca de meia soquete a dobrar a esquina, já faz muitos anos, insultos de verniz, a velha puta, o espaço pequeno, o hiato entre nós e os outros. Uivo.
Interlúdio:
...play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me
In the jingle jungle morning I'll come followin' you.
Não era grande atriz ou cantora; mas inegavelmente uma estrela.
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=DfANFQOLGKA