quarta-feira, 6 de julho de 2011

Niente

Frida Kahlo

Ainda a ouço gritar: e a sensação que nunca mais me deixou: meu corpo carrega em si todas as chagas do mundo. Te escreverei um dia, Jack. Sobre a minha dor, a minha excitação, a minha febre e essa vontade de destruir tudo... e sobre a moralidade do mundo que eu matei em mim.  Só o caos me impulsiona. Me livrei da culpa, Jack, e espero que você entenda, eu estava cansada de tudo aquilo, dos mesmos nomes, de combater ou adiar nossos momentos de amor, que são estórias púrpuras  de destruição e entrega e morte e dor. Eu pareço idiota, Jack? Eu te pareço humana em demasia, minha vida? Nos tornamos novos ali sentados enquanto silêncios fluíam em sobressalto. Eu te amo, Jack. Deitada nos braços de Hugos, Henriques e Eduardos, eu imediatamente amo você com tudo aquilo que não amadureceu em mim.  E com o meu misticismo, a minha ternura insuportável e essa vergonha manchada de verde.

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