terça-feira, 5 de julho de 2011

Eu tenho mais de vinte mundos




Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
Eu tenho mais de 20 anos
E eu tenho mais de mil perguntas sem respostas

Terça de inverno. Hoje, mais do que nunca, sei que o que me move é a intensidade, assim como é a dor que inspira a escrita - mas isso não importa agora. Folheei um caderninho de notas antigo e percebi que as coisas mais verdadeiras são aqueles espaços que permanecem em branco, geralmente entre uma anotação e outra. São nesses intervalos em que eu me esvazio, custo a dormir, atravesso as ruas e acendo outro cigarro. O registro existe para aliviar o peso da lembrança, tenho escrito pouco por querer esquecer pouco. Não quero musicar a minha inquietude, o meu ideal, nem uma ou duas coisas que sei sobre aquele garoto que me canta sambas antigos, porque qualquer crônica acabaria com a possibilidade de revisitar essas sensações. Farei viente e dois anos amanhã, não cantarei isso em versos e nunca estive tão próxima da poesia: estou impregnada do cheiro do dia a dia, dos homens, das rodoviárias, das ciganas, do sal, dos bêbados que me confessam palavras estrangeiras, sem rima, sem métrica, sem meios-tons.


Interlúdio:




2 comentários:

  1. Estou em algum dos 20 mundos?

    Mathieu...

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  2. melhor que isso, vc está nas zonas intermediárias, nos intermundos de Epicuro... :)

    Ivich

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