segunda-feira, 14 de março de 2011

Por uma outra Globalização


Sebastião Salgado

É preciso explicar por que o mundo de hoje, que é horrível, é apenas um momento do longo desenvolvimento histórico e que a esperança sempre foi uma das forças dominantes das revoluções e das insurreições, e eu ainda sinto a esperança como minha concepção de futuro. (Jean Paul Sartre, 1963, Prefácio de Os Condenados da Terra de Frantz Fanon.)

Um conceito novo para um processo antigo. A globalização despontou com as Grandes Navegações e se acelerou após a Segunda Guerra Mundial, quando empresas oriundas de paises desenvolvidos invadiram o resto do mundo a fim de aumentar seu mercado de consumo e, além do desemprego conjuntural, trouxeram consigo o desemprego estrutural e tecnológico.
Parece reducionista apreendê-la enquanto fator essencialmente econômico quando atentamos para sua dimensão social, política e cultural. Existe um padrão de vida e consumo que é exportado mundialmente como indicativo de felicidade, ao passo que, com o processo de homogeneização da cultura se esvaem as particularidades de cada nação. Ora, um dos projetos da modernidade não seria exatamente lesar a identidade?
Fato é, vivemos a globalização perversa: a globalização do desemprego, do crime, do tráfico, da pobreza. Para Milton Santos uma forma de reação está na cultura, mais especificamente na identidade cultural, capaz de fazer frente à massificação. O geógrafo propõe que nos posicionemos contra o consumismo e usemos essa base técnica criada para circulação do capital para veicular valores humanos. Em outros termos: deve-se trabalhar por uma globalização solidária, menos individualista e que possibilite encontrar uma identidade com o outro, ou a única coisa global será o que se consome.

Nenhum comentário:

Postar um comentário