quinta-feira, 10 de março de 2011

Insultos & labaredas

                                              
é que você rasgou a riacho certo, garoto, e eu jorrei sem medida e agora estou aqui sonhando novamente com o sagrado: nossas flores e filhos e o som do teu bandolim ao entardecer em algum rancho nas minas gerais - talvez existir não me doa tanto. Penso nos corpos rígidos e trêmulos estirados na maré de alguma madrugada inculta e pálida, e meus pelos se eriçam e meu ventre se enche de mel. Labaredas. Mas não me peça para ter calma, não agora, o vazio me atormenta, a existência me atormenta. Apenas mereça meu silêncio e minha recusa em amanhecer e meus vícios & versos abarrotados de ausência e abandono e vontades impraticáveis. Quero conhecer também teu mundo que ninguém pisou, imagino que seja errado e assimétrico, moldura obsoleta se insinuando para desconhecidos. Poesia inacabada, crispação, amenidades que adiamos.

para sempre tua,
Marília

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