domingo, 29 de maio de 2011

Querido fulano,

que eu poderia muito bem chamar de mundo, com a voz destrancada frente às paredes cinzas deste terminal rodoviário e o vestido desabotoado como quem esqueceu a cama desfeita e anda atordoada de amor, finalmente me sinto livre de todas as acusações que se ergueram contra mim. Repouso agora no último banco, sabendo que partirá esquecida a amante infiel coroada com pétalas amarelas - aquela que sempre evitou olhares recatados e aquela cujos olhos o mundo não conseguiu ensinar a devoção. Os lábios do tempo e todos os caminhos imersos na minha boca, eu simplesmente não posso deixar de ir, encosto então a minha prece infantil junto ao teu peito rasgado varrido por cicatrizes e adormeço a tua lembrança nas minhas visões. Porque logo é preciso descer e percorrer o calçamento e se embebedar e sumir e cantar como a sereia ao Odisseu de cada beco para finalmente admitir que eu e você somos perfeitos, querido fulano, meu poema, minha alma que eu tanto amei.... que eu e você somos perfeitos assim distantes, amor meu. Adeus. The empty-handed painter from your streets, is drawing crazy patterns on your sheets...

Com açúcar, com afeto
Kiki

Post-Scriptum:

 

Um comentário: