sexta-feira, 20 de maio de 2011

Diálogo ou delírio ou monólogo de adeus




ele diz:
você...

ela diz:
homem!

ele diz:
que barulho é esse ai no fundo?

ela diz:
han?

ele diz:
melodia distante. deixa pra lá, esta bem?

ela diz:
hermeto, eu acho.

ele diz:
nua?

ela diz:
empalidecida

ele diz:
estendo a mão

ela diz:
intuição?

ele diz:
nenhuma ordem no que vejo
não sei quase nada sobre você

ela diz:
a ausência nem branca, nem viva, nem móvel fincada na cama, a fêmea pálida debruçada sobre a janela...

ele diz:
você sempre escolheu com tanto cuidado seus personagens de aluguel

ela diz:
você parecia se deleitar

ele:
é que me roubavam os gestos

ela:
sinais dançando vadios apenas
não pisca!

ele diz:
por que não apareceu quando chamei?

ela diz:
memória poética
outros dedos tocaram levemente nossos ombros, e nós olhamos...
quase sem querer

ele diz:
o descuido fatal

ela diz:
chegamos perto, orfeu...

Interlúdio:


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